Pôr-do-sol dos verões






O dia de verão trouxe particularidade às cores do dia numa quentura e vivacidade singular, num lugar que tipicamente faz frio. Após ter lido um bom livro, resolvi esticar o meu corpo. Caminhei pela casa numa lentidão, como se ela fosse um ambiente estranho. Fitei os quadros da parede -- enquanto dissolvia o que tinha acabado de ler -- até chegar à cozinha. Lá, peguei um copo com água e ao beber, senti gota a gota saindo do copo. Saciava a minha sede e me sentia como se estivesse sendo observado.
Fui até a varanda da casa para tomar um pouco de ar. Diante de um horizonte de cores vivas, um mar invadiu os meus olhos, sem qualquer permissão. Já era final de tarde e notei que a praia estava vazia. Com um leve sorriso, me embebedava da brisa que vinha do mar e que acariciava o meu rosto. Pensei em momentos que me faziam bem e logo senti paz. Fechei os olhos por alguns segundos. Ao abrir, avistei uma jovem. Estiquei a cabeça como quem quer acreditar no que está vendo. Quando notei o seu rosto, o velho rádio tocou uma melodia desconhecida.

Andava pela areia branca, completamente pensante e talvez triste. Usava óculos escuros, mas não tão escuros, porque possibilitou a minha incansável observação do seu olhar. Senti uma vontade imensa de descer da varanda e gritar o seu nome. Mas não sabia. Não poderia saber e nem imaginar. Ela era apenas uma estranha.
Era a primeira vez em que percebia que ela passava pela àquela região. Não sei bem como explicar, mas essa estranha mexeu comigo. Sentia minha respiração diferente quando ela era engolida pelo horizonte. De repente, meu coração acelerava e ficava normal ao mesmo tempo e eu não tinha ideia do que fazer. Bebi um pouco da água que ainda me restava e fiquei ali imaginando no que pensava aquela jovem misteriosa.
Como numa cena de um filme, tudo era perfeito: o finalzinho de tarde, o sol indo embora e ela caminhando com seu longo vestido de praia, acompanhado de sua bolsa e uma rosa nos cabelos longos, tão pensante e ausente.
Pensei novamente em descer ferozmente e em gritar pelo menos um ‘ei’. Senti a vontade estranha de abraçá-la e de dizer: quero caminhar contigo. Neste grito, fantasiei que no momento em que ela virasse e visse o meu rosto, soltaria um sorriso pueril e romântico. E mais ainda: pensei nela caminhando até onde estava, e ao nos aproximarmos nos abraçaríamos. Sentiria o seu abraço de tamanho único e o perfume dos seus longos cabelos negros. Desmancharíamos parte deste abraço e nossos olhos finalmente se encontrariam. Olharia para baixo e rapidamente para cima, como quem aprecia a beleza dos detalhes do rosto, mas que se sente tímido. Naturalmente nos aproximaríamos e nossos lábios se encostariam. Um beijo leve, demorado e intenso. Andaríamos pela àquela praia, explorando a beleza do final do dia, das ondas do mar e dos mistérios das estrelas, que logo estariam ali. Os coqueiros serviriam de pano de fundo para esperar junto com ela, o sol terminar de se por. Logo engataríamos um relacionamento. Seria um momento típico de perder o fôlego.
E realmente foi. Mas em minha cabeça, ou talvez num universo alternativo. Naquele momento, a verdade era outra. A melodia desconhecida cessou e ela continuou caminhando sozinha. À medida que ela se tornava um ponto desconhecido no horizonte, descia das nuvens. Qual será seu nome? No que pensava? Por que senti tudo isto por uma estranha? Tantas perguntas, e uma só resposta: eu não sei, mas faria tudo de novo para saber.


  




Créditos da foto: Google Imagens/Reprodução

Comentários

  1. aaaah *-*

    já falei, né

    melhor texto na minha opnião

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  2. Ameeeeeeeeeeeei!!!!!!!!
    Aliás, contos são divinos, eu amo!E esse seu, então, está perfeito!
    Parabéns, Vinny!!!!
    Escreva outros, com certeza vão ficar maravilhosos também!
    Beeeeeeeeijos, vou esperar!

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  3. Ahahahhaha


    Vai ver tu transmite uma paz tão profunda q as pessoas tem vontade de dormir,, Vinny

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Bem-vind@ a Ótica Cotidiana!
Obrigado pela visita e leitura do texto.


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